domingo, 23 de novembro de 2014

União, preta!

É mais representativo
É mais completo
A palavra neste sentido

Uma irmã
Sem laços sanguíneos próximos ou diretos
A concentração da melanina de nossa epiderme
Nos aproxima no meio deste afã


Sentimento de cuidado e carinho
É o maior que posso ter por você
Em meio a este confuso redemoinho

Seis mil anos de história gloriosa
De paz, nobreza e cooperação
Foram destruídas em quinhentos anos de escravidão

Não, não, não tem sido fácil se reerguer
Nossa violência não é natural
Apenas a usamos para nos defender

Ela nos mata a cada dia
Fisicamente, mentalmente e espiritualmente
Talvez não tenhamos a necessidade de um guia?

Mas quem?
Nossos símbolos, representações ou aspirações são brancas
A cor da paz só podem nos levar para o além

Queria o básico
Deitar, amar, comer e sorrir
Apenas amar e sorrir não tem sido tão pragmático

O que fazer? Tens respostas?
Neste profuso imbróglio ilimitado
Que tal uma proposta?

Não sei, sei lá
Juntos somos mais fortes
O único desfecho que posso chegar

Quando ainda conseguimos rir de situações engraçadas
Quando a conversa é boa
Quando ainda podemos nos aconselhar

E mais do que isso
Nos auto-ajudar concretamente
Respeitar nossas limitações
Respeitar nossas liberdades
Respeitar nossos momentos
E ainda aspirar pra mais distante do que nos foi planejado
Não há motivos para temer
Não há mais motivos para a insegurança
A confiança, o respeito e a lealdade e o sentimento de compromisso
Nos deixarão indestrutíveis
Irmãs e irmãos melanodérmicos unam-se
A senda ainda tem muitos sulcos a serem lavrados

Coragem!

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

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Hoje, neste Blog, estarei expondo-me politicamente, após uma complexa análise, com críticas, percebo que após o debate entre Armínio Fraga(ex-presidente do Banco Central) e Guido Mantega(atual ministro da Fazenda), realizado ontem no Globonews, e após a declaração de Marina Silva de apoio a Aécio Neves(candidato à presidente da República pelo PSDB), acredito que também devo me posicionar, ainda que reticente.

Reconheço a minha falha em ser prolixo, mas sou uma analista e assunto de tal magnitude não tem como ser tão objetivo. Então discorrerei aqui acerca de 7 temas que se pauta Aécio Neves e Dilma Rousseff: Crescimento Econômico, Política Exterior, Forças Armadas, Educação, Relações trabalhistas, Serviços Públicos e Relações regionais e o âmbito Público e Privado.
A minha experiência em tais temas é tanto empírica, quanto teórica, pois ao trabalhar em Missão Econômica, Consulados, Exército e Marinha, posso falar melhor sobre economia, política externa e forças armadas. Por ter estudado em escolas públicas, universidades públicas presenciais e à distância. ter trabalhado de carteira assinada e como um servidor público, posso falar um "pouquinho" sobre educação, relações trabalhistas e serviços públicos. Por fim, as minhas viagens acadêmicas, a trabalho ou a lazer para quase todas as regiões do Brasil, fará eu tentar entender melhor sobre política regional e a percepção de público e privado.
Aí vai!!!!
1) ECONOMIA --> Acredito que tanto a Dilma e o Aécio Neves tem opinião semelhante sobre a realidade fiscal, o que traz consequência à manutenção do sacrifício do país. Aécio, porém, acredita veementemente que a simpatia dos investidores internacionais e nacionais é necessária através de uma conquista de confiança, apostando, por isso, na restrição de subsídios e o consequente encolhimento do Estado. Mas, a contração de capital no mundo, em consequência da recuperação lenta da economia, segundo o último relatório do FMI, não permitiria ter um crescimento econômico apostando nesta opção. Já Dilma aposta na redução induzida de juros e do câmbio, indo de encontro aos interesses dos financistas e dos rentistas e ao mesmo tempo não cai nas mãos da onda de populismo cambial. Sabendo que estamos em um período de desconfiança e endividamento, a opção de utilizar o investimento público, acaba abrindo caminho para haver investimento privado. Desta forma, teremos melhores mecanismos para que a poupança de longo prazo nos leve ao investimento de longo prazo. A consequência direta disso seria fortalecer estrategicamente o Estado e assim aumentaria o acesso das pequenas e médias empresas às tecnologias mais avançadas, dando prioridade aos interesses da produção e do trabalho.
2) POLÍTICA EXTERNA --> Aécio Neves prefere investir em uma política exterior de vantagens comerciais, trazendo resultados concretos para o Brasil e evitando à indisposição com os países mais desenvolvidos e detentores de maior poder internacional. Dilma, sucessora da política externa desenvolvida por Celso Amorim nos últimos 12 anos, da Diversificação pela Parceria, aposta numa ordem mundial de comércio e de segurança mais alternativa para podermos nos desenvolver melhor nacionalmente. Ao compreender que a política externa faz parte da política e não do comércio, pode-se contrabalancear o aumento crescente de poder chinês com uma relação negociada com os Estados Unidos, resguarda-nos entre o ocidente e ao oriente, além de demonstrar que embora o capital seja importante, a política ainda determina as nossas relações.
3)FORÇAS ARMADAS --> Dilma, seguindo o pensamento de Rui Barbosa, acredita que a diplomacia sem forças armadas, é fadada ao fracasso, portanto o Brasil tem que estar mais equipado militarmente para poder emitir sua opinião sem ser constrangida por uma divergência de opiniões na política de poder internacional. Aécio Neves acredita que o Brasil é um país sem inimigos, de bom diálogo internacionalmente, então apenas dar privilégios aos militares, mantê-los-ão felizes e tranquilos, não havendo necessidade em investir em mais equipamentos e armamentos militares.
4) EDUCAÇÃO --> Para Dilma a universalização do ensino deve vir associada da qualificação, pois o acesso e qualidade só valem juntos e, neste sentido, os institutos federais de educação, ciência e tecnologia, podem indicar o caminho, induzindo o ensino analítico, em detrimento da decoreba. Ao mesmo tempo que o ensino profissional deve estar junto do profissionalizante e não separados e, por isso, a construção de escolas de referência seria importantíssimo, para mostrar a Estados e aos municípios como se ensinar e também aprender. Já Aécio defende o choque de gestão, adotando práticas empresarias, a qual adotará a melhora do ensino por metas sob parâmetros de rankings e provas internacionais, formando uma força de trabalho mais capacitada, porém o problema disso é que a prática empresarial visa o curto prazo, as necessidades do mercado mudam e sem capacidade analítica, você se torna mão de obra desqualificada, além de aceitar o mundo da forma que é, diminuindo a possibilidade de mobilidade social.
5) RELAÇÕES TRABALHISTAS--> Aécio Neves defende que as relações de trabalho devem ser mais flexibilizadas, pois o mundo hoje é outro, bem diferente de Getúlio Vargas, desta forma desburocratizar e desonerar vais facilitar a demissão e a contratação de trabalhadores. Enquanto isso Dilma acredita que reforçar o regime jurídico em favor daqueles que são mais frágeis nas relações de trabalho, como os trabalhadores prestadores de serviços, temporários ou terceirizados, levará o Brasil à escala de produtividade, não aumentar a produtividade oprimindo mais os trabalhadores.
6) SERVIÇOS PÚBLICOS --> Aécio Neves afirma que os serviços públicos devem ser investidos focados apenas nos mais pobres, enquanto a atual classe média brasileira, com um maior poder de compra, em virtude da transferência de renda ocorrida nos últimos 20 anos, deve arcar com partes dos custos que o Estado gasta com ela, ou seja, se você tiver uma renda enquadrada na classe média, hospital, escola, universidades e outros serviços públicos, vai ter que tirar do seu próprio bolso, tal como acontece nos países capitalistas mais avançados, como os Estados Unidos. Aécio, no âmbito da segurança, apresenta uma política de punição e criminalização, defendendo a diminuição da maioridade penal e o tráfico de drogas nas favelas, combatendo apenas a consequência e não a origem. Dilma, por outro lado, ainda acredita que os serviços públicos devem ser universais, principalmente a Educação e a Saúde, no qual ricos, classe média e pobres possam ter acesso e manutenção pública e gratuita, pois é dever do Estado. Além disso, a minoria das pessoas que tem plano de saúde não podem ser subsidiadas pela maioria que participa do SUS(sistema único de saúde). A segurança durante o governo Dilma deixou, ao meu ver, muito a desejar, por isso sou cético às promessas dela, mas ela basicamente diz que a união entre as polícias e as organizações comunitárias, leva à caída dos índices de criminalidade, logicamente que associada às políticas de inclusão social, não apenas assistencialistas.
7) POLÍTICA REGIONAL E A PERCEPÇÃO DO PÚBLICO E O PRIVADO ->
Dilma acredita que as regiões Norte e Nordeste devem se tornar novas alternativas futuras e frentes de desenvolvimento nacional, enquanto Aécio acredita que o nacional-desenvolvimentismo de regiões atrasada já passou desde a década de 70, podendo no máximo conceder incentivo às regiões atrasada. Aécio, ainda acredita que a independência do Banco Central e de Agências Reguladoras como Anatel ou ANP, vai garantir confiança do mercado e a previsibilidade de investidores, além de despolitizar a política econômica. Já a Dilma, no âmbito do público e do privado, acredita que a construção de carreiras públicas no Estado, vai garantir substituir os cargos indicados politicamente, pois ela não abre mão de forma alguma o poder político democrático de decidir sobre os rumos do país, em detrimento de tecnocratas orientados pelo poder do capital, que não é democrático.

Deu para perceber que o Aécio Neves com a mentalidade atrasada das antigas elites do Brasil ainda prefere seguir a cartilha que os países do Norte determinaram para nós, mas nenhum deles seguiram isso, para chegar aonde chegaram? Leiam o livro de Ja choong, Chutando a Escada, que vocês vão entender o que tô falando.
A Dilma, embora tenha muitos constrangimentos internos e externos, mostrou-se uma mulher de fibra e ao mesmo tempo sensível, pois recusou ir aos Estados Unidos depois das denúncias de espionagem por parte do governo Obama e, embora ocorreu as manifestações de 2013, ela foi a público falar, além de convidar lideranças para conversar e redescobrir que novo Brasil poderemos fazer.

Eu, como jovem e preto, tenho muito a questionar este governo, pois não foi fácil conviver, com as quase 370 mil mortes de jovens negros de 15 a 25 anos nos últimos 10 anos, além da falta de representatividade preta em todos os espaços de poder político e econômico, mas reconheço que iniciativos tiveram, como a aprovação de 50% de cotas sociais e raciais paras as universidades públicas federais, para concursos públicos, um Estatuto de Igualdade Racial e ações afirmativas para a diplomacia. Acredito que nós, como pretos, devemos saber ser estratégicos, ao mesmo tempo que mudamos a nós mesmos e criamos condições para que nós possamos desenhar as nossas próprias demandas e propostas e possamos também impô-las.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Feitiçaria africana? Pontos de vistas


Os conceitos do viver africano e afro-diásporico não deveriam ser baseados no pensamento ocidental eurocêntrico e suas experiências de fadas e bruxas, porque não trazem as realidades históricas e mitológicas africanas, e as crianças pretas introjeta falsas sonhos-realidades do mundo que só servem para baixar a auto-estima. Os contos de fada numa visão junguiana são uma representação simbólica de problemas gerais humanos e suas soluções possíveis, só que os simbolismos eurocêntricos e suas respostas existências são diferentes e muito diferentes para nós.
Desde a nossa tenra infância aprendemos a respeitar e admirar as vovós, as tias e todas as senhoras da nossa convivência, porque as nossas mães nos informaram que as mesmas eram detentoras de ensinamentos antigos e inclusive conheciam os segredos de realizar um bom parto, rezar o corpo contra o mau-olhado e receitar remédios das folhas. Já tomamos muitos banhos de folha nas nossas vidas e já tivemos o corpo rezado por senhoras pretas. Nunca ouvi a minha mãe e minhas tias se referirem as idosas como bruxas ou feiticeiras. O nosso povo sempre respeitou os mais idosos, e ainda é educada a prática de pedir a benção aos mais antigos, forte lembrança de pessoas da minha geração que lêem este artigo.
O Povo preto é um povo que amava os idosos e os respeitavam pelo conhecimento do mundo. É gostoso ouvir em reuniões aqui em Salvador quando um idoso (a) recebe o respeito dos mais novos, demonstrando que a força da ancestralidade ainda não foi destruída por total pelas influências cristãs ocidentais.
São deprimentes as conceituações e divulgação do poder da mulher africana e afro-diásporica nos novos paradigmas criados pelo cristianismo: de detentoras do conhecimento ancestral para perversas feiticeiras e bruxas ocidentais. O que tem levado essas mudanças na criação de novos juízos de valor sobre o conhecimento das mulheres pretas?
Desde a chegada dos primeiros missionários na África começou perseguição as detentoras do conhecimento, e inseriram nos seus discursos a mudança, outrora mulheres sábias foram consideradas “bruxas” e feiticeiras. A “bruxaria e feitiçaria” são conhecimentos ancestrais perpassados das diversas tradições, representando símbolos que proporcionam uma sensação de familiaridade e continuidade da experiência do viver das comunidades.
O filme Kiriku e a Feiticeira precisa de uma análise mais aprofundada sobre as relações de poder da mulher e feitiçaria sobre a ótica afrocentrada. A feiticeira Karaba no final segue a linha eurocêntrica de encantos e desencantos e casa-se com Kiruku e todos ficam em paz.
KIRIKU E A FEITICEIRA (PARTE 8/8) 

As invasões européias e seus modelos filosóficos afetaram profundamente as culturas ancestrais criando novas realidades sócio-econômica e política, e os resultados desastrosos do colonialismo, capitalismo e modernidade corrompem o mundo invisível, desequilibrando processos naturais e espirituais do bom viver visível e outrora equilibrado. A antropologia, a filosofia, a sociologia e a história e seus conceitos eurocêntricos ainda tem discipulado entre as academias, africanos e afro-diásporico na defesa e propagação de suas análises, servindo como ciências não somente observadoras e críticas, mas decisórias para explicar modos e comportamentos de sociedades milenares com a ótica do invasor e colonizador.
As sociedades africanas e afro-diasporicas analisadas por xenófobos, individualistas que temem e não entendem o desconhecido e classifica-os como inferior, tornam-se necessário que usemos as nossas metodologias afrocentradas para darmos respostas as ciências que tenta nos destruir, deve ser por isso que tenho críticas às academias, porque não desejo e nem almejo os seus títulos de conhecimento eurocêntrico.
O conhecimento africano é baseado na solidariedade e os conflitos ocorridos possuem em seus mitos diferenças explicitas nas suas resoluções, os que visam o bem estar coletivo e não a individualidade. Quando se ensina as crianças acerca das yabás e das Yami Osorongá, através da oralidade da palavra verbalizada, entendem-se o seu poder de resolução dos problemas sociais, essas chamadas de “feiticeiras” que representam as forças da natureza e equilíbrio social diferem filosoficamente das malvadas bruxas e das “bondades das fadas”, apesar de que muitas das mitologias helênicas foram apropriadas do conhecimento africano, inclusive conceituações metafísicas já conhecidas e desenvolvidas no Vale do Nilo.
O empobrecimento dos africanos, as mudanças alimentares, o aumento das doenças, como o ebola e a AIDS, a destruição de áreas agrícolas e transformações no modo tradicional de cultivos, o desprezo pela solidariedade, a quebra da respeitabilidade pelos anciãos e anciãs, e a desconfiança do poder das mulheres, resulta na intensificação da procura de dinheiro, no desejo incontido de adquirir bens materiais, influenciadas pelas famosas teologias da prosperidade (ideologia capitalista travestida de religiosidade), fez com que as tradições sejam progressivamente desprezadas e ignoradas. Tornando os africanos e afro-diásporicos alvos mais fáceis de controle e dominação, porque quando duvidamos das nossas tradições e desprezamos a nossa ancestralidade estamos cometendo suicídio espiritual e físico, que amaldiçoa o legado ancestral e cria uma geração corrompida e envergonhada de ser o que é.
O entendimento do que chamo de choque cultural entre os africanos e os caucasianos, se dá em todos os sentidos da existência, porque as nossas tradições não separam o corpo em dicotomia e tricotomia, somos um ser integral conforme os escritos dos antigos hebreus. Com o advento da Cultura Helênica e sua apropriação e deformação do pensar africano, proporcionou a quebra da afrocentricidade e a divulgação filosófica da eurocentrismo.
A mudança no devir do ser preto especialmente pode tentar uma análise do mundo mágico branco e o mundo mágico preto. É um parâmetro inteligível do por que as mitologias são diferentes e as conceituações socio-religiosas são dispares, não sendo acentuada a bipolaridade do bem e do mal.
E conforme o Dr. LLAILA AFRIKA:

AFRICANOS:
  • Unificação do espírito, corpo e mente para o conhecimento.
  • Verdade e Mentira são diferentes
  • O Propósito do conhecimento e das ações é a justiça, a retidão e a precisão
  • Os Conhecimentos são conectados holisticamente.
CAUCASIANOS:
  • Fragmentação e Divisão para o conhecimento
  • Verdade e Mentira são as mesmas e corretas
  • O Propósito do conhecimento é o controle dos outros e o poder.
  • Os Conhecimentos são conectados por idéias fragmentadas.

Como vimos acima os modelos africanos e caucasianos são dispares em relação às vivências, retratam que os choques culturais deturparam violentamente a concepção de vida e relações com a natureza. Entender como o conhecimento ancestral das mulheres e o poder não somente simbólico como mágico foi afetado violentamente pela xenofobia européia, que pelo medo do diferente não compreendeu os conceitos e saberes não conhecidos, é uma caminho urgente dos praticantes da afrocentricidade, para reparar os males feitos as nossas crianças, criadas a imagem e semelhança das fadas e bruxas ocidentais.
As mulheres acusadas de bruxaria possuíam dentro do poder matriarcal e da construção matrilinear importância fundamental ainda existente e resistente dentro de muitos povos africanos que opõe a islamização e a cristianização.
As africanas são cosmopolitas como ainda são as mulheres pretas na América Africana e guardiãs do conhecimento. Na concepção européia as mulheres sempre foram submissas, desprezadas e humilhadas, consideradas fontes de perversão e vitimas da inquisição, torturadas, queimadas e demonizadas. Consideradas objetos, propriedades do macho: bruxas as que resistem à opressão e fadas as que permitem os desejos masculinos. Por isso o surgimento do feminismo que é mais um ismo branco em contraposição a outra deformação, o machismo. Bem diferente dos conceitos afrocentrados de equilíbrio dos gêneros.
As mulheres pretas guardiãs do conhecimento foram primeiramente desacreditadas pelos missionários e pelo poder colonial, existem legislações em países africanos que as perseguem e as condenam, crianças e mulheres são assassinadas em diversos países pelo crime de bruxaria, acusadas por membros das comunidades, seguidores da falta de tolerância européia.
A perseguição as “Bruxas Africanas” pelo catolicismo e igrejas do protestantismo histórico tem se tornado mais violenta com a ascensão de cultos pentecostais e nopentencostais inclusive em uma disputa pelo poder. Estes grupos precisam mostrar poder diferente do maior poder que é o amor, criou no continente africano, a nova inquisição que parte para a destruição e morte de milhares de crianças e mulheres.
No Brasil a falta de respeitabilidade com as religiões de matriz africana por parte do cristianismo: católico, protestantismo histórico, pentecostais e neopentecostais, têm na gênese do racismo a vertente da idéia de religiões de bruxas e feiticeiras. Bruxalizar o conhecimento africano é a maneira mais eficaz de catequizar e converter milhões de africanos, escondendo séculos de opressão de bruxos cristãos e bruxas cristãos que trouxeram a desordem econômica e a escravidão.
A religião católica ainda tenta através da catequese, desestruturar tradições, como foi o caso da visita do papa Bento XVI em Angola quando apelou aos católicos à conversão dos adeptos da bruxaria ameaçados por “espíritos” e “poderes do mal” e afirmou que o Cristianismo era uma ponte entre as pessoas locais e os colonizadores portugueses.
PAPA BENTO XVI EM ANGOLA

Os europeus foram os grandes piratas na África e praticantes da xenofobia, com uma idéia de vida solitária e anti-solidária, divulgando o pessimismo, a individualidade e a ganância.
Entre todos esses fatores foi impossível para o europeu e o cristianismo se adequar a prática da solidariedade africana e tentaram destruí-la, necessitando, então, que o renascer africano e afro-diásporico tentassem recriar o pan-africanismo, porque deixou de acontecer por causa da divisão territorial, da escravização e colonização, resultando no continente africano transformações de xenofobia por xenofilia entre os primeiros seres humanos.
Na África e na Afro-América o medo dos conhecimentos ancestrais e as mudanças orquestradas determinando o diferente como inferior e demoníaco foram direcionados par abater a família, na representação feminina. “Bruxalizar” é quebrar o poder feminino, embrutecer os homens pretos, criar uma sociedade de órfãos, desagregando a família preta.
“Bruxalizar” tornou-se para os invasores cristãos e muçulmanos negar milhares de anos de conhecimento em todas as áreas da ciência.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Lingua Ioruba



O Yoruba (nome nativo Ede Yorúba), e uma Koinpe dialetal da África Ocidental falado por mais de 20 milhões de pessoas. Tem o mesmo nome também a língua escrita. A língua Yoruba pertence a família das línguas Níger-Kordofanianas, é aquela do povo Yoruba. É falada principalmente na Nigéria sud ocidental, e em partes do Benin e do Togo. Conta de um bom numero de falantes também no Brasil e Cuba onde é chamada Nago. O Yoruba e uma língua isolante tonal com uma seqüência simpática do tipo SVO. O Yoruba pertence ao ramo Yoruboide das línguas Benue Kongo, das quais faz parte a Igala, uma língua falada entre 800.000 pessoas a leste do território dos Yoruba, e o grupo Edekiri, um grupo de línguas isoladas faladas no Benin e Nigéria. O Edekiri compreende o grupo lingüístico Ede (incluído Ede Ica, Ede Cabe, Ife, Ede Ije e Ede Nago), o Itsekiri com 500.000 falantes e o Yoruba verdadeiro e próprio.
A área lingüística do Yoruba é conhecida com a definição geral de Yorubaland, e compreende hoje os estados federais Nigerianos de Oyo, Ogun, Ondo, Kwara, Lagos, e a parte ocidental do estado de Kogi. Pelo ponto de vista geográfico se encontra no planalto (366 m a.n.m), delimitado a norte e a leste do rio Niger. Uma boa parte do território e coberto de florestas, o norte (incluindo Oyo), é um terreno principalmente marcado pela presença da Savana.

Area de diffusao da lingua Yoruba na Nigeria.
  
Segundo a tradição oral foi Oduwa, filho de Olodumare, o  fundador da língua Yoruba. Do ponto de vista da historia comum, o nome dos filhos de Oduduwa, tornou-se conhecido somente na segunda metade do século XIX. Seguida da abolição dos escravos, os Yoruba agregavam-se a os escravos africanos de Freetown (Serra Leoa), que os Europeus, chamavam de Aku, nome derivado da primeira palavra de saudação Ẹ kú àárọ̀ (bom dia), e Ẹ kú alẹ́ (boa tarde). Em seguida foi utilizada também a definição Yariba ou, Yoruba, limitada depois a o reino de Oyo. A definição foi utilizada pelo povo Hausa, mesmo que a sua origem foi incerta. Segundo o autor Fagbourn, “Is definitely not morphologically indigenous“ (1994: 13) Isto quer dizer que, a língua Yoruba falada  pelo povo Hausa, não quer dizer que seja sua língua de origem.
 Na base da influencia do Yoruba, Samuel Ajayi Crowther, primeiro bispo da África Ocidental, e primeiro bispo da igreja Anglicana, absolutamente primeiro missionário, aplicou por primeiro o termo Yoruba, a todos os falantes dos dialetos Yoruba. Somente no 1819 compareceu a primeira publicação em dialeto Yoruba, um pequeno vocabulário de Bodwich, diplomata Inglês do reino de Ashanti. Aconteceu relativamente, mas tarde por um idioma assim difundido como Yoruba (cfr. Akan 1602; Ewe 1658), e a coisa pode ser atribuída ao fato que ante do século XIX não era praticado quase nenhum comercio com a Europa. A pesquisa lingüística com a metodologia da lingüística comparativa, glossologia (vocabulário em que se explicam palavras de significação obscura), da dialetologia e de outras disciplinas, considerando também as fontes históricas da tradição oral e da arqueológica  que fizeram luz na historia dos Yorubas e da própria língua neste período. Por isto os dialetos Yorubas Norte ocidentais apresentam maiores inovações lingüísticos. Se acrescentar o fato que os territórios Yoruba sul orientais e centrais em geral apresentam os assentamentos mais antigos. Por uns poucos pesquisadores,  isto constitui um assentamento de data posterior aos territórios norte ocidentais.


 Dialetos
O continuo dialetal Yoruba consiste de mais de quinze variedades, que possam ser reagrupadas em três idiomas principais: Yoruba  norte ocidental, central e sul oriental. Obviamente não é possível traçar alguma linha de divisa definida, e cedo os territórios de divisa de isoglossa dialetal possam apresentar semelhanças com os dialetos confinantes.

  • Yoruba norte- ocidental (NWY)
    • Estados Federais de  Ogun, Ọyọ, Ọun e Lagos
  • Yoruba central (ZY)
    • Estados Federalis de Igbomina, Ifẹ, Ekiti, Akurẹ, Ẹfọn e Ijẹa
  • Yoruba sul oriental (SOY)
    • Estados Federais de  Okitipupa, Ondo, Ọwọ, agamu e parti di Ijẹbu.
Na variante norte ocidental os fonemas proto-yoruba /gh/ a fricativa velar ɣ e / gw se alteraram em /w. As vocais /i/ e ụ subiram uma crase e se simplificaram em /i/ e u, como também as suas contrapartes, nasais, que a tornou em um sistema vocal de setes notas e três vocais nasais e orais. No dialeto sul oriental o contraste originário entre /gh/ e /gw/ ficou inalterado. As vocais nasais /in/e /un/ foram anteriormente fundidas em /ẹn/ e /ọn/. As formas da segunda e terceira pessoa do plural não se consegue distingui-la, tanto é que àn án wá pode significar “vocês chegaram” ou “ que eles chegassem”, entre tanto no dialeto norte ocidental, as formas ẹ wá(vocês chegaram), e wọ́n wá (eles chegassem), são homofônicas. A formação de uma forma de gentileza  ao plural pode ter impedido a fusão de ambas formas nos dialetos norte ocidentais. O Yoruba central constitui, portanto um anel de conjunção enquanto o léxico semelha ao dialeto norte ocidental, porem o território apresenta muitos traços étnicos comuns com aqueles sul orientais. O sistema vocálico é o mais conservador dos três grupos dialéticos. Apresentam novas vocais nasais e seis ou sete vocais nasais e também um sistema compreensivo de harmonia vocálica.
O Yoruba standard definido é uma variedade autônoma do grupo dialectal: é a forma escrita da língua apreendida como variante standard, utilizada também na mídia. O Yoruba standard tem as suas origens em cerca de 1850, quando Samuel Ajayi Crowther, primeiras bispo africano de etnia Yoruba publicou uma gramática do Yoruba e iniciou uma tradução da bíblia. Mesmo que o Yoruba standard baseia em boa parte nos dialetos Ọyọ- e Ibadan, este apresenta também muitas características típicas de outros dialetos (Note se por exemplo, a seguinte observação de Adetugbo no 1967, segundo a citação de Fagbourn, 1994:25, que dizia: While the orthography agreed upon by missionaries represented to a very large degree the phonemes of the Abẹokuta dialect, the morpho-syntax reflected the Ọyọ -Ibadan dialect. Alem disso tem algumas peculiaridades não comuns em algum dialeto, como por exemplo o sistema simplificado da harmonia vocálica, também estruturas que recalcam aquelas de línguas estrangeiras, como os “calços” do inglês, devido principalmente as primeiras traduções de operas religiosas. O uso do Yoruba standard não é o resultado de uma política lingüística consciente, e por causa disso tem algumas controvérsias que fazem tornar esta língua autentica. Opiniões de vários autores é  que o dialeto Ọyọ representa a forma pura da língua, e de outros que não existe absolutamente formas autenticas de Yoruba. O Yoruba standard ensinado na escola e utilizado pela mídia tornou se um fator estabilizante e eficaz na construção de uma identidade comum dos Yorubas.

O futuro reflete o espelho do passado


Hoje, somos reflexos da história e da nossa memória. Isto é inegável. A estrutura de preconceito de povos, principalmente dos que são mais semelhante fenotipicamente aos povos da África subsaariana é de maneira geral no mundo. Cada nação e cada região com seus agravantes e com os seus atenuantes.
O principal agravante do Brasil, que não percebi a citação de ninguém, é a referência a cor e sua gradação, desenvolvida por Florestan Fernandes, quando fala sobre preconceito de marca e de origem e aperfeiçoado pelas pesquisas de Roberto da Matta, quando demonstra o preconceito por cor, quanto mais retinto for, independente da condição ou aparência social.
É um fato. No Brasil o maior preconceito é de cor, me desculpem os Alis Kameis e Demétrios Magnolis da vida.
Quando falei que o passado impacta o futuro e o presente que estamos agora, lembremos o porquê da composição étnica da nossa população brasileira, uma vez finda a escravidão.
O Brasil majoritariamente entre 1500 até 1890 era formado majoritariamente por povos africanos, indígenas do Brasil e portugueses. 
O motivo da escravidão de seres humanos negros e da grande dependência da mão-de-obra escrava fazia desse país(???) uma país de maioria negra e uma parcela equilibrada de portugueses(que vieram para pegar as suas oportunidades) e indígenas(nativos massacrados no próprio território).
Se alguém der uma pesquisada no surgimento das teorias racistas e eugênicas surgidas entre os sociólogos, biólogos, antropólogos entre outros em meados do século XIX, culminando com duas grandes crises econômicas na Europa na segunda metade do século XIX, além da restrição à escravidão promovida por ingleses, irão perceber que os descendentes de alemão, italiano, polonês, búlgaro, francês, ucraniano, entre outros povos eslavos, são resultado de uma política pública planejada pelo governo brasileiro de tentar clarear a população brasileira com a migração em 40 anos de 3,5 milhões de europeus para substituir os africanos que vieram em 350 anos em uma proporção de 4 milhões de pessoas.
O imigrante europeus ganhou os postos de trabalho do negro já liberto, bem como as terras para o plantio familiar e de subsistência, jogando o negro na marginalidade e na ilegalidade, quando os mesmos dividiam terras coletivas e comunitárias, chamada sarcasticamente de quilombos e mucambos. 
Desde o início do século XX até hoje a conquista do negro de ascender ou participar do mundo de uma forma mais igual, significou a imposição em perder sua identidade, sua referência familiar e originária, que era o continente africano, bem como ser impelido a abandonar a sua cultura própria para se inserir em um mundo de lógica e tendência euro ocidental, portanto branca.
A estrutura de preconceito por povo e por cor no Brasil acabou por se mostrar um crime hediondo perfeito, quando foi promovido um constante afastamento do continente africano, estabelecido anteriormente por cerca de 400 anos, promoção da cultura eurocêntrica ocidental e branca, interrompendo propositalmente e ideologicamente a capacidade da população negra de se desenvolver e se auto-valorizar, demonstrando por meios visuais o modelo familiar e de sociedade brancas a ser seguido e venerado. 
Neste sentido o crime coloca os descendentes dos algozes, que se imiscuíram na população brasileira, misturando genes e sangue, mas permaneceram com um fenótipo que o favorecia, como vítimas de uma certa desigualdade e injustiça ao aplicar uma política de promoção da população vitimizada pela história e desenvolvimento do próprio país. As vítimas então tornam-se culpadas do seu insucesso, que desatrelam ao processo histórico planejado para promover um determinado povo sobre o outro.
Não é possível que em um país de estabilidade política e econômica, exaltando os valores democráticos, com uma população de 53% de negros(pretos e pardos)e 45,8% de brancos, tenham entre 81 senadores apenas 4 negros e entre 512 deputados federais tenham apenas 17 negros. Nas universidades brasileiras, antes da adoção de cotas a representação negra universitária era de 2%, hoje quase 10 anos depois da aplicação, a porcentagem aumentou para 14%, sendo que a maioria estão nas universidades particulares.

Somos o reflexo do passado, portanto nossas ações hoje serão refletidas no futuro. 

poesia do amor africano


Sem disfarce caminha-se
desafia-se todos os paradigmas
mas do que o black
mas do que o dread
encontra-se no seu interior
o exterior
o movimento exogeno substitui o endogeno
internaliza-se a africanidade
sente-se nas pernas
sente-se na pele
sente-se na mente
o passado dilacerador do colonizador distancia-se
não são mais batas, não são mais bazen ou bumbàs
é o corpo nu africanizado
o orgulho de si
a ação motivada
a coragem diante do branco e diante dos negros
internaliza-se
felicita-se
emociona-se
luta-se
ser africano deixa de ser a folha de papel
deixa de ser as imagens virtuais
deixa de ser as discussões nas quatros paredes
ser africano é ser você
é o reconhecer daqueles que resistiram na terra-mãe
ser africano é entrar em sintonia com a dinâmica contemporânea de Africa
ser africano é ter coragem de ir além de si proprio, ou seu grupo privilegiado
ser africano é relembrar ao seu povo que havia se distanciado da africanidade
ser africano é se emocionar em saber que seu povo percebe que não està sozinho
que a solução não està longe de chegar
ser africano é sentir uma felicidade imensa por isso
é se orgulhar dos seus ancestrais em estarem nesta luta com você
ser africano é ser o coletivo

Um humem negro chamado historia!


Zumbi é o significado da luta e da resistência eterna – Está presente em todos os nossos guerreiros!


Um de nossos se foi. Se foi para a eternidade. Se tornou nosso ancestral para cultuarmos.

Um expoente sem dúvida.

Um brilhante expoente da população negra, da luta do negro no século XX.

Nasceu em 1914. O ano da Guerra Mundial. O ano da guerra de choques imperiais na Europa, que desde o final da abolição no Brasil tentavam invadir e colonizar a África de qualquer maneira.

O Africanista Abdias estava lutando pelo nosso povo. Descendentes de africanos, principalmente aqueles de cor.

A estrela dele não brilhou por pouco tempo. Foi por 97 anos. Longo tempo na história de transformações de nosso país.

O Abdias passou pelos governos e ditaduras varguistas, passou pela mudança de capital do Rio de Janeiro para Brasília, passou pela ditadura militar de 21 anos no brasil. Passou pelas diretas já de 1988 e passou pela liberalização da economia e ascensão da globalização na década de 90.

Abdias viveu mais do que a revolução socialista dos países soviéticos.

Abdias viu um operário entrar no poder executivo e ainda assim sair nos braços do povo.

Abdias é a história viva. Uma história viva de luta pelo povo negro no Brasil, no Caribe, na América Latina nos Estados Unidos.

Abdias acompanhou o processo de imigração de cerca de 3 milhões de europeus para embranquecer a população brasileira, tão defendida por Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Artur Ramos.

Abdias viu a obra de Gilberto Freyre tentar desarticular a luta promovida pela Frente Negra brasileira colocando negro em uma posição hierarquicamente inferior pela “democracia racial” em Casa Grande & Senzala. Gilberto Freyre viu o projeto UNESCO que patrocionou Hasenbalg, Florestan Fernandes, entre outros, concretizarem em pesquisas as demandas do movimento negro.

Abdias Nascimento viu Zumbi ser tirado da marginalidade nos currículos escolares, assim como o líder João Cândido. O Líder Abdias conseguiu ver o avanço da luta na re-significação da palavra negro como sinônimo de orgulho dos afrodescendentes. Abdias se orgulhou quando viu a implementação de políticas afirmativas nas universidades.

O líder Abdias não deixou seu povo de lado. Ele lutou e apoiou as lutas e demandas da população negra, que foi apoiada também por parte da população branca no Brasil e apoiado por parte da sociedade internacional na ONU. Abdias é um grande homem, com uma grande obra na sociedade brasileira, deixando para nós um legado de que as lutas do movimento negro nunca foram passivas. Que todas as conquistas alcançadas a favor da população negra foram e são lutas e demandas do movimento negro no Brasil que começou desde que o primeiro africano colocou o pé no primeiro navio com o intuito de trazê-lo para ser cativo.


Axé a Abdias Nascimento – que suas bençãos caiam sobre nós

Mensagem a um amigo negro


Meu irmão...
Não aguento mais sentar do lado dos carniceiros nesta universidade racista. Não aguento mais ver os pretos por baixo nesta sociedade. Seja ele defensor do capitalismo ou do socialismo, ali está ele na pior parte da Ordem Internacional do Trabalho. Meus profesores são brancos, a literatura que leio são brancas, as referências da minha profissão são brancas, os meus colegas de sala de aula são brancos e os meus opresores e inimigos são brancos. A cada vez que eu leio algo, sem a contextualização da população, me revolto a cada vez mais. Toda referência que eles falam da África é dos piratas do Somali, são dos ditadores africanos, são da enfraquecida economia dos países africanos, enfim eles me ofendem, me deixando sem poder defender. Me dizem que tenho que entendê-los primeiro para criticá-lo.
Como meu irmão? Como?
Eu acho que estou pirando... as minhas iniciativas pela causa negra são tão duras, são tão cruéis. Eles inventaram as teorias da crítica, para inclusive reivindicarmos o que eles utilizaram para nos oprimir. Minha cabeça gira sem parar.
Acordo sempre em um pesadelo branco de opressão negra. Nos meus sonhos, os brancos aparecem para me pertubar.
A todo instante quero me separar deles, quero me afastar deles e conviver com a minha comunidade negra. Entretanto eles estão detendo o poder. Está com eles, mesmo que o poder político ou econômico não nos importe. Essa é a maneira que eles(brancos) usam para tentar nos manter em uma escravidão permanente, em nos manter em um regime de casta.
Eles foram tão maliciosos que nos fazem revindicar por uma educação de qualidade(a educação eurocêntrica), pela democracia(eurocêntrica), pelos direitos humanos(individualizante e ocidental), pelo nacionalismo(criado nos estados westfalianos de 1648), pela liberdade(individual do liberalismo iluminista), e n-reivindicações.
Eles nos faz manter as estruturas. Eles querem que aprendamos inglês, francês, espanhol e alemão e peguemos as bolsas na frança, alemanha, itália e nos países euroepeus. Eles querem que lutemos pelo meio ambiente que eles querem, querem que lutemos pela industrialização e pelo crescimento econômico, pela estabilidade política e pelas eleições "justas"
Como posso viver e conviver neste mundo meu irmão
Como posso sobreviver neste mundo meu irmão.
Eles me fazem me separar da minha mãe e dos meus irmão nas ideias, na escolarização eurocêntrica, na digitalização da da internet e me fazem me aventurar sozinho como um leão na mira de caçadores armados para tirar a minha pele e fazer de tapete para eles pisarem.
Infelizmente, meu irmão preciso sobreviver neste mundo deles, que é cheio de brechas. Preciso me formar na universidade, fazer a minha pós graduação e conquistar meu espaço de poder para poder escrever, lutar e melhorar a vida do povo negro e africano.
Para melhorar a África e de repente fazermos uma verdadeira luta de cor. Nós que temos os recursos e que o desenvolvemos e eles que tem apenas as máquinas que foram financiadas pelos sangues de nossos antepassados e não pagaram até agora. Somos nós que operamos as máquinas, não eles.
Nos inspiramos em tantos heróis para permanecermos de pé, como Zumbi dos Palmares, Toussant loverture do Haiti, Almirante negro João Cândido, W.B. du Bois, Selassié, Ki-Zherbo, Appiah, Abdias Nascimento, Nkruma, Lumumba, C. Moore de Cuba, entretanto se você perceber, meu irmão, nosso grau de interdependência intelectual foi aumentando. De Zumbi até Abdias, veja como tudo mudou. Tivemos que estudar com os brancos o conhecimento eurocêntrico, tivemos que virar doutores para sermos respeitados, para podermos lutar e deixarmos algum legado para a juventude dos nossos filhos e netos.
Odeio a universidade, mas dependo dela agora, para que meus irmãos me ouçam, me vejam e eu tenha legitimidade.
Os brancos querem que nós piremos, que fiquemos malucos, reclamando do racismo e caiamos no descrédito, porém não farei.
Farei o trabalho sujo de aprender o que é dele para trabalhar a resignificação nossa que está perdida. Sou negro irmão. Não pirararei com o racismo.
Continuarei a combater o branco até que ele perca a batalha.
Mas não me vingarei. Darei a mão para o branco e o tratarei de modo igual. Mostrarei para ele o que é um mundo de verdadeira harmonia de povos, que cada um tem respeito pelo o que é da sua comunidade, da sua família, da sua origem. Eles tentaram apagar isso da nossa mente, mas isso eles não podem. Eles não podem parar o tempo de quem migrou dois mil anos no continente e criou a africanidade, que vem significar humanidade. Somos Bantos irmãos. Nossas línguas e costumes estão vivos há milênios.
Somos humanos, somos africanos.

Todas as linguas vieram da Africa. Pesquisadores jà provaram que o homem moderno vem da Africa. Agora um estudo linguistico demonstra que O berço das linguas faladas situam-se na Africa.
As 6.000 linguas do mundo moderno tem uma descendência principal: Africa.
Grupos linguisticos e dialetos falados na Africa, no estudo de Quentim Atkin, mostra que o desenvolvimento linguistico em Africa é de cerca de 50 a 70 mil anos. O pesquisador psicologo-evolucionista neozelandês estudou cerca de 504 linguas no mundo e descobriu que a origem vem do Sul do continenete Africano.

sábado, 30 de julho de 2011

O GENOCÍDIO ESQUECIDO – A REVOLTA DOS HEREROS E NAMA NA NAMÍBIA

Provenientes da migração dos bantos da região oriental da África, o povo Herero instalou-se na Namíbia entre os séculos XVII e XVIII. Atualmente tem sua população estimada em 240 mil pessoas vivendo na Namíbia, Botsuana e Angola. O Ovaherero engloba vários subgrupos, incluindo o Ovahimba, o Ovatjimba o Ovambanderu e os vaKwandu, grupos em Angola incluem o vaKuvale, vaZemba, Hakawona, Tjavikwa e Tjimba (herero pobres) e Himba que regularmente atravessam fronteira da Namíbia com Angola quando migram com os seus rebanhos.

Durante o período colonial, os europeus tentaram defini-los como grupos étnicos distintos, mas as pessoas consideram-se todos Ovaherero. Apesar de divididos em diversos subgrupos, possuem o mesmo idioma herero, além de português em angola, inglês em Botsuana e inglês e africâner na Namíbia. Também, os antropólogos brancos a serviço do colonizador-racista tentaram dividi-los em seus estudos de antropologia dizendo que são de origens diferentes. Hábito dos brancos em dividir para governar ou exterminar. 

O POVO HERERO

Provenientes da migração dos bantos da região oriental da África, o povo Herero instalou-se na Namíbia entre os séculos XVII e XVIII. Atualmente tem sua população estimada em 240 mil pessoas vivendo na Namíbia, Botsuana e Angola. O Ovaherero engloba vários subgrupos, incluindo o Ovahimba, o Ovatjimba o Ovambanderu e os vaKwandu, grupos em Angola incluem o vaKuvale, vaZemba, Hakawona, Tjavikwa e Tjimba (herero pobres) e Himba que regularmente atravessam fronteira da Namíbia com Angola quando migram com os seus rebanhos.

Durante o período colonial, os europeus tentaram defini-los como grupos étnicos distintos, mas as pessoas consideram-se todos Ovaherero. Apesar de divididos em diversos subgrupos, possuem o mesmo idioma herero, além de português em angola, inglês em Botsuana e inglês e africâner na Namíbia. Também, os antropólogos brancos a serviço do colonizador-racista tentaram dividi-los em seus estudos de antropologia dizendo que são de origens diferentes. Hábito dos brancos em dividir para governar ou exterminar.


O POVO NAMA OU NAMAQUA
Nama (em fontes mais antigas também chamados Namaqua) é um grupo étnico da África do Sul, Namíbia e Botsuana. Eles falam a língua Nama do Khoe-Kwadi (Khoisan central). Os Namas são o maior grupo de pessoas Khoikhoi, a maioria deles já desapareceram em grande parte como um grupo, exceto os Namas. Muitos vivem em Namaqualand.

Após a Conferência de Berlim, a Alemanha invadiu o continente africano e além de outras regiões anexou à Namíbia, enviando para a África invasores (colonos ou descobridores – denominações usadas pela historiografia branca) que pilharam as terras e riquezas da população nativa. Difundido a supremacia branca e comparando o povo herero a babuínos.
Babuínos
Os homens eram constantemente espancados até a morte e as mulheres vítimas de estupro e escravizadas sexuais dos colonos e soldados alemães.

Como conseqüência dessas violações em 12 de janeiro de 1904 o povo Herero resolveu resistir ao invasor-colonizador - racista alemão, liderados por Samuel Maharero. Conforme os historiadores essa guerra de libertação teve como conseqüência o primeiro genocídio do século do XX, impetrado pelo império alemão contra homens, mulheres e crianças originais: as populações Herero e Nama, habitantes na Namíbia.

Samuel Maharero

Líder guerreiro e chefe do povo Herero, ainda criança foi catequizado e freqüentou escolas luteranas que o viam como um futuro pastor. Rebelou-se contra os invasores alemães, enfrentou as famigeradas tropas colonialistas. Teve que exilar-se em Botsuana onde continuou líder dos exilados herero vindo a falecer em 1923. É relembrando na Namíbia como herói no dia 26 de janeiro no dia dos hereros.
Hendrik Witbooi
Hendrik Witbooi tem o seu rosto estampado nas notas bancárias na Namíbia. Para seus seguidores ele era conhecido por seu nome de Nama Khaob! Nanseb/Gabemab, que significa 'O capitão, que desaparece na grama”, uma referência à sua famosa habilidade como uma lutador de guerrilha. Nasceu em 1830 em uma família de líderes.


Hendrik Witbooi era um homem religioso. Mais tarde, durante a guerra com os alemães, em 1904-1905, Witbooi voltou ao seu povo com a convicção de Deus havia de guiá-los para lutar por sua liberdade contra os imperialistas.

Em Outubro de 1904, dez meses após a herero tinha lançado em escala completa guerra contra os alemães, Hendrik Witbooi levou Namaland contra os alemães. Na idade de 80 anos, ele lutou com os seus soldados até que morreu no campo de batalha decorrente de uma ferida na coxa, em 28 de outubro de 1905 perto de Vaalgras.

Cédula com a foto de Hendrik Witbooi
GENOCÍDIO PRATICADO PELOS ALEMÃES
Kaiser Wilhelm II
Com a mobilização do povo herero o kaiser Wilhelm II, enviou 14.00 mil soldados sob o comando do Tenente-General Lothar von Trotha, conhecido pela brutalidade ao participar da revolta boxer na China e a violenta repressão aos povos pretos que ofereceram resistência ocupação alemã da África Oriental (Ruanda, Burundi e Tanzânia). Ao chegar à Namíbia disse a sua finalidade:


- "Eu acredito que a tribo herero como tal deve ser exterminada." 
E escreveu:

- "O exercício da violência e do terrorismo é a minha política. Eu vou destruir as tribos Africanas com fluxos de sangue e de dinheiro. Só após essa limpeza pode surgir algo novo, que permanecerá.”
E em um comunicado ao povo Herero diz:

"Todos os herero devem deixar a terra. Se recusarem, então eu vou obrigá-los a fazê-lo com as grandes armas. Qualquer herero encontrado dentro de fronteiras alemãs, com ou sem uma arma, vai ser abatido. Não serão tomados prisioneiros. Essa é a minha decisão.”
Inspirador e executor do massacre dos hereros na Namíbia o general Lothar Von Trotha seguiu um plano elaborado na Conferência de Berlim de 1885, onde os Hereros e Namas foram eliminados sistematicamente, já que o objetivo era apoderar-se de suas terras; para isso estabeleceram um campo de concentração, trabalhos forçados e execuções em massa.

Em contraste, uma carta do chefe herero Samuel Maharero ao seu povo logo após a eclosão da guerra estabelece que os ingleses, Boers, missionários e pessoas de outras tribos não viriam a ser prejudicados. A história tem demonstrado que ambas as instruções foram diligentemente realizadas.

Em uma batalha decisiva no Hamakari, perto Waterberg, em 11 de Agosto de 1904, as tropas de Von Trotha cercaram a nação herero em três lados e estes foram brutalmente derrotados. Em uma jogada cínica, ele deixou o caminho aberto apenas para a área do deserto do Kalahari.. O plano de batalha era que as pessoas que escaparam das balas do exército Alemão deveriam morrer de sede. Poços de 150 milhas (240 km) ao redor do deserto ou eram patrulhados ou envenenados, e aqueles hereros que vieram rastejando para fora do deserto, desesperados por água, foram mortos a baioneta. Isto deixou os hereros com uma única opção: atravessar o deserto dentro de Botsuana, na realidade, marchar para a morte. Esta é, na verdade, como a maioria dos hereros foram exterminados.
Hereros no deserto famintos e sedentos após as tropas alemãs envenenarem os poços de água.
Devido a escassez de trabalho na colônia, o extermínio da campanha de Von Trotha foi finalmente parado por Berlim, e os hereros sobreviventes foram postas em concentração campos. Colocados a trabalho escravo, sobrecarregados, com fome, e expostos a doenças como a febre tifóide e a varíola, a maioria dos homens herero pereceu nestes campos e as mulheres foram transformadas em escravas sexuais.

O resultado desta política foi que, a partir de 1904 para 1908, foram reduzidas da nação herero de 80000 a 15000 pessoas famintas e refugiados em sua própria terra.
Guerreiros herero capturados por tropas alemãs
Após a guerra, todos os herero de idade superior a sete anos eram obrigados a vestir um disco metálico em torno de seus pescoços com seu número de registro, designando-os como mão-de-obra disponível.
O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO NA ILHA SHARK
A ilha de Shark foi o local usado de 1904 a 1907 que confinou membros das tribos Herero e Nama. Ao longo dos três anos foi o acampamento onde 3000 pessoas encontraram a morte. Para todos os efeitos, considera-se um acampamento de morte, tal como o seu único propósito era o de exterminar pessoas herero Namaka.

O trabalho forçado do acampamento foi utilizado para construir Lüderitz locais e vias férreas. Outros campos existiam em todo lugar invadido pela Alemanha, incluindo locais como Swakopmund, Windhoek e Okahandja.

Campo de Concentração na Ilha Shark
EXPERIÊNCIAS GENÉTICAS

Foi no campo de Concentração da Ilha de Shark que Eugen Fischer fez suas primeiras experiências "médicas" sobre raça, genética e eugenia, utilizando como cobaias tanto herero como os mestiços descendentes dos estupros das mulheres herero. Sob sua supervisão, foram preservados corpos e cabeça de hereros que tinham sido enforcados e foram enviados à Alemanha para dissecção.

Fischer tornou-se diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia, Hereditariedade Humana e Eugenia. Foi co-autor do livro - Os Princípios da Hereditariedade, Raça e Higiene - que se tornou o livro padrão sobre o assunto na Alemanha.

Hitler nomeou Fischer como reitor da Universidade de Berlim, em 1933, onde lecionou medicina para médicos nazistas. Fischer é por vezes referido como o pai da moderna genética. Este homem foi um grande defensor do aborto e da esterilização dos não-brancos.
Foto de Eugen Fischer - Observe a foto de mulheres pretas nos seus estudos eugênicos.
“EU TAMBÉM VIAJO PARA O CÉU EM UMA CARROÇA."
Em seu livro Heróis Herero, Jan-Bart Gewald descreve a morte de um dos líderes cristãos herero, testemunhado por um missionário alemão Friedrich Meier:

“Fraco de doença e de maus tratos, Kukuri foi transportado para a sua execução nas costas de um carro de boi. Ele não mostrou o menor vestígio de medo, mas, em vez disso olhou como se estivesse indo para um casamento! Em uma etapa da viagem, disse ao “Pastor” Meier: como Elias, também eu vou viajar para o céu em um vagão.

Quando eles chegaram o local ainda estava sendo preparado. Meier temia pela tranqüilidade de Kukuri e pediu que parasse de olhar para a forca. Ele respondeu:

- Por que não devo olhar para ela? Não é “a minha madeira" (a minha cruz)?

Os dois oraram e juntos cantaram um belo hino: Então tome minha mão e leva-me. Então Kukuri disse:

- Parece que você ainda teme que eu tenha medo, mas quando um pai chama seu filho, o filho tem medo de ir para ele? Dê a minha esposa, que está em Okahandja, a minha saudação e diga a ela que eu já morri na fé do Senhor Jesus Cristo, assim também diga aos meus filhos, pois você deve sempre vê-los.

Em seguida, disse:

- Senhor Jesus, me ajude.

Kukuri subiu a escada e a corda foi colocada em volta do seu pescoço. Como ele estava caindo, o nó escorregou, de forma que ele caiu no chão, inconsciente. Dois soldados o levantaram e, seguindo ordens, e realizaram disparos de arma de fogo, matando-o. Assim entrou Kukuri na presença do Senhor.

Ainda hoje Hereros são membros da Igreja Luterana, defendendo esta ideologia, e comungando com os brancos que assassinaram seu povo na chamada “Guerra de Pacificação da Namíbia”.
"Irmãs" Luteranas na Namíbia.
Em Windhoek, a Christuskirche e o Reiterdenkmal, monumento que homenageia os soldados alemães que morreram na “pacificação” da Namíbia ao fundo uma igreja luterana.

CONCLUSÃO

A Alemanha compensou os Askenazis (descendentes dos kazars) que se dizem judeus após a 2ª guerra mundial em milhões de dólares e apoiou o mundo branco ocidental cedendo terras no Oriente Médio, para a criação do estado de Israel. Mas, até hoje o brutal genocídio dos povos Herero e Nama não foram compensados, os seus descendentes que perderam terras, gados, e potenciais recursos minerais que estão nas mãos dos descendentes de alemães, não receberam das autoridades alemãs nenhum pedido de desculpas e reparação. Apesar dos protestos e mobilizações das minorias étnicas Herero e Nama.

O povo preto não pode esquecer dos 105 anos da resistência dos Herero e Nama! E também do Genocídio impetrado pelos Alemães.

Viva a memória de Hendrick Vitbooi, Samuel Maharero, e dos 65.000 mil hereros (70% da população) e 10.000 Namas (50% da população) que foram dizimados pelas forças genocidas da Alemanha.
Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrado